Publicado por: associacao | terça-feira, 6 novembro, 2007

Bem vindos!

Este blog, sobre a Associação Dom Bosco e cuja proposta é a promoção do trabalho social, está sendo realizado sob a orientação da professora Nádya Argôlo, da disciplina Planejamento Estratégico e/de Comunicação, do Centro Universitário da Bahia – FIB.

Através deste meio de comunicação, pretendemos dar maior visibilidade à entidade –  que visa a promoção social e a dignificação do ser humano – facilitando o diálogo entre os internautas e seus gestores.

Este projeto envolve a equipe de alunos do 6º semestre de Comunicação Social, com habilitação para Jornalismo, Daniela Passos, Evandro Dias e Patrícia Santiago.

Através do link: http://mopinim.wordpress.com/ disponibilizamos matérias que envolvem o tema central (jovens/trabalho social).

Acesse também:

http://aesossalvador.blogspot.com

 http://cesofia.blogspot.com

http://centrointegradoeducacaolazer.blogspot.com.

Visite  e prestigie o trabalho de nossos colegas. Todos temos os mesmos propósitos! Sintam-se a vontade e obrigado pela visita!

Publicado por: associacao | quinta-feira, 1 novembro, 2007

“Ela faz e acontece”

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados”. (Mahatma Gandhi)   

Natural de Itiruçu (BA) Maria de Lourdes, 59, mora na comunidade de São Cristóvão desde 1984. Representante de vendas, casada, mãe de dois filhos, guia de oração e coordenadora de cursos do Centro Social Fabio Sandei – sede da associação Dom Bosco, que além de ser um espaço para a realização de cursos atende a 53 crianças entre 3 e 12 anos, diz que sempre teve vontade de fazer um trabalho social no bairro em que mora porque enxerga a carência dos jovens do local.

Abaixo está parte da entrevista realizada pela equipe que desenvolve este blog, integrante do Curso de Jornalismo do Centro Universitário da Bahia (FIB).

Daniela Passos – Como começou o seu voluntariado na Associação Dom Bosco? 

Maria de Lourdes – Eu comecei a ir ao centro uma vez por semana, a princípio tínhamos apenas três alunos, e em pouco tempo, a sala encheu, começou a não comportar mais a quantidade de crianças, daí precisei criar novas turmas. Foi quando percebi que outras pessoas precisavam realmente do meu apoio. Resolvi ir mais vezes ao Centro, hoje eu vou todos os dias da semana. Preciso colaborar e dessa forma recebo ajuda porque esse trabalho faz com que eu me sinta realizada. 

Evandro Dias – Quais são os cursos oferecidos pela Associação Dom Bosco no Centro Social Fabio Sandei? 

ML – Já ensinamos a fazer porta-retratos, customização de roupas, biscuit, pintura em tecido, vagonite, crochê, bolsas jeans e bijuterias. A idéia é reciclar, diminuindo os custos. Iniciamos há alguns dias o curso de flores. Começamos com papel crepom, depois partiremos para pano. Precisamos mesmo é de voluntários. As salas estão cheias. Fica complicado dar a atenção que os alunos merecem e precisam.

DP – Qual a faixa etária dos alunos atendidos pelos cursos? 

ML – Temos alunos entre 8 e 35 anos e precisamos ensiná-los, desde os menorzinhos até aos mais velhos. Os que já aprenderam começam a me ajudar, monitorando os alunos novatos. Há crianças de 8, 9 anos que vêm até nós, a princípio eu nem queria, nossa pretensão era a de atender jovens e adultos, ajudando-os a criar peças artesanais para que eles pudessem aumentar a renda familiar. Mas as crianças vêm até nós, e não lhes negamos a oportunidade. Há peças belíssimas criadas por alunas entre 8 e 10 anos. Ensino como fazer, exponho as amostras e quando volto pra ver o que já foi feito, me surpreendo. As próprias mães chegam até nós pedindo que deixemos que suas filhas participem das aulas porque não querem vê-las nas ruas, não consigo dizer não a esses pedidos. 

ED – Na sua concepção, qual a importância desse trabalho dentro da comunidade de São Cristóvão?  

ML – Agora consigo ver uma luz no fim do túnel. Estou percebendo que através desse trabalho, não só meu, mas dos outros voluntários, que também estão vindo para cá se doarem, podemos conseguir fazer um amanhã melhor, e eu acredito muito nisso, no poder desse auxílio, dessas oportunidades. Mães nos procuram com lágrimas nos olhos pedindo para que a gente aceite seus filhos, mas não há pessoas suficientes ensinando nas oficinas para que possamos acolher mais alunos. Esse é um trabalho de apoio à inclusão, a socialização e a elevação da auto-estima dos alunos da comunidade. 

DP – Vocês têm percebido alguma mudança de comportamento por parte dos alunos assistidos? 

ML – O tempo que desprenderiam fazendo coisas talvez não tão dignificantes, elas estão aqui aprendendo. Aqui não trabalhamos só o lado artístico, mas também o espiritual, preparando para que eles se respeitem e também as outras pessoas. Eram crianças que ficavam em cima de muros atirando pedras nos que passavam e que hoje têm mudado sua postura. Até a barulheira que existia no início já não é a mesma, houve uma melhora significativa. Antes os alunos não se concentravam e falavam ao mesmo tempo, agora entendem que precisam primeiro escutar no outro para depois exporem suas opiniões. Sinceramente, não esperava que pudéssemos colher frutos tão bons quanto os que estamos colhendo. 

ED – Quais são os seus objetivos? 

ML – O nosso próximo objetivo é criar uma associação, uma cooperativa, para que possamos nos manter. Vamos começar com uma feira, que será realizada até o final de novembro deste ano, onde venderemos os trabalhos manuais confeccionados por nossos alunos. Temos duas máquinas de costura, concedidas por uma de nossas colegas, mas que precisam de reparos. A idéia é gerar renda. Os alunos, empolgados com a feira a ser realizada, têm a oportunidade de levar alguns materiais para casa e assim já estamos produzindo as peças que serão expostas. O dinheiro arrecadado será utilizado para pagar alguns materiais que precisaram ser comprados. O que precisamos é arregaçar as mangas. Todos gostam de trabalhar, mas também é necessário dinheiro para nosso sustento. A feira aumentará as expectativas dos alunos.  

DP – Em se tratando de dificuldades, qual a primeira  que surge em sua mente? 

ML – São em média 80 pessoas participando dos cursos. Fazemos rodízio ao redor das mesas, assim, todos podem ver e aprender conosco. Pretendo aprender a trabalhar com garrafas PET, assim poderei estar apta para transmitir mais conhecimentos. Eu transpiro essa obra e preciso de apoio, precisamos de divulgação, não queremos aparecer, queremos que a obra apareça, que enxerguem que fazemos um trabalho sério, digno de apoio. 

DP – O que é necessário para trabalhar com jovens? 

ML – Precisamos ter muito amor, em primeiro lugar. 

ED – Atualmente, como anda a sua satisfação pessoal? 

ML – Para mim, ajudar é ser ajudada em contrapartida. Não tenho remuneração além do sorriso que vejo nos rostos de cada um dos alunos. Me sinto muito feliz, em paz comigo mesma. É difícil medir o tamanho da minha satisfação, ela é muito grande. 

ED – Você lembra quando começou a sentir que deveria colaborar com obras sociais? 

ML – No lado social (pequena pausa) precisamos trabalhar o espírito e agir porque a fé sem as obra é morta. Eu quero trabalhar. Isso me faz um bem enorme e não é de agora. Acho que sempre tive os ânimos aguçados para o social. Quando tinha 12 anos, estava indo para uma festa quando encontrei no caminho uma mendiga caída, descoberta, daí eu voltei para a casa e sem que percebessem, peguei um cobertor e levei para ela. Recebi umas palmadas por conta disso, não que meus pais não quisessem que eu ajudasse, mas era porque eu só tinha aquele cobertor, os outros estavam sendo usados pelas visitas que estavam em minha casa. Vocês não têm noção do quanto é gratificante ajudar ao próximo. A alma da gente se eleva quando praticamos obras de cunho social. 

* Padre Cristóforo Testa é presidente da Associação Dom Bosco.

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